INVERTA Entrevista:
Michele Capuano
Secretário Nacional da
DP(SU)
Publicamos, neste número, trechos da entrevista
exclusiva concedida ao INVERTA pelo Secretário Nacional da DP(SU) - Democracia Popular (Esquerda Unida), Michele Capuano, realizada quando de sua visita ao Brasil,
onde participou do Congresso de Refundação do PCML, nos
históricos dias de 24, 25 e 26 de março de 2000. Capuano fala de
problemas candentes para a humanidade, como a luta de classes e a
afirmação do elemento consciente (o partido marxista-leninista e a
refundação comunista na Itália e no Brasil). Analisa o
crescimento do nazifacismo na Europa, a questão do Exército
Europeu e as guerras imperialistas, como a de Kosovo, na
Iugoslávia.
I – Como a DPSU vê a questão da unidade e do
internacionalismo, hoje?
MC – Penso que a questão da
unidade passa pela América Latina. Por sua luta por
tecnologia, por melhoria de condições de vida, e de
revoluções no campo agrário e desenvolvimento
tecnológico. Globalmente, a esperança vem do povo da
América Latina e das novas esperanças que podem nascer do campo
asiático. Essencialmente, da América Latina. Porque, é
daqui que se alimenta a exploração. Porque, dramaticamente, o
problema dos países pobres é a sua própria riqueza. Foi
aquela pobreza que determinou a riqueza dos armamentos, enquanto produto da
exploração. E é daqui que parte a possibilidade de um novo
internacionalismo. Do avanço dos partidos objetivamente
revolucionários, como no caso do Brasil. A resistência de Cuba, que
não se enclausura nesse momento especial.
A unidade e a
presença histórica de uma esquerda unida tem grande valor
teórico nesse processo. É sobretudo importante tratar de
reconstruir os partidos comunistas na Alemanha. No próprio Leste:
Albânia, Polônia. Iugoslávia, inclusive. É importante,
nesse momento, reativar o processo internacional com os povos da
África... Uma reflexão deve ser feita em torno da China...
Trata-se de reativar o debate... Porque é importante que se perceba que o
comunismo não tem nenhum medo de falar dos próprios erros, das
próprias "cabeçadas". Pois sabe olhar a própria
história..., os próprios erros com a lucidez de uma perspectiva e
de uma abordagem crítica. Porque não escolheu de ser Marx. Mas,
escolheu ser marxista. Não escolheu de ser Lênin. Mas, escolheu de
ser leninista. Não escolheu uma pessoa, mas um pensamento teórico
que aquela pessoa representava. Por isso somos marxistas-leninistas. E o debate
sobre essa questão pode se desenvolver, posteriormente, entre partidos
que nós consideramos irmãos. Definimos partidos irmãos
aqueles partidos com os quais, até agora, tenhamos tido algum tipo de
relação. Se não tivéssemos nenhum tipo de contato
com um companheiro de qualquer parte do mundo, mesmo as mais distantes, e se
não tivéssemos feito esse contato, não saberíamos
como defender e incorporar essas questões. O novo internacionalismo deve
estar centrado não numa visão estreita, mas na visão de um
projeto para o renascimento de uma nova humanidade, de um novo humanismo. Este
que é o projeto dos socialistas, dos comunistas. Pela defesa de uma
civilização. Pela civilização que representa o
projeto socialista. Colocar à disposição o material
revolucionário de nossa organização. Não só
as documentações do passado. Mas, também, a
documentação em construção. Isso permitiu
extrapolar, a partir desses documentos, uma parte que é útil para
esse percurso que está sendo construído. E, igualmente, a
oportunidade de manutenção do valor conceitual da existência
de um jornal, na sua economia. Isso foi uma decisão que não surgiu
de improviso. Antes disso ocorrer, a organização realizou um
conjunto de reuniões, congregando esforços nesse sentido. E o
secretário encaminhou o processo, informando o partido e fazendo-o tomar
ciência dessas modificações no programa. E isso de modo a
que houvesse aprovação nas modificações. Representei
a vontade do movimento. Com esta consciência, tomamos o avião e
viemos para cá. E devo dizer que estamos muito felizes com esta
experiência.
I – Como está o processo de organização da DPSU
no campo internacional?
MC – É importante o nosso
encontro de 8 de abril, em nossa sede. A nossa participação, com
formas de intervenção imediatas. Como, por exemplo, acordos feitos
com diversos setores para intervir em ajuda a Moçambique,
criações de ONGs Internacionais, etc. Devemos passar agora por um
período muito intenso. Temos a intenção de organizar um
ônibus para correr toda a Itália. No sentido crítico de que
há um espectro ameaçando a Itália: é o espectro do
pseudocomunismo. Uma perspectiva que pode ser estendida para toda a Europa. De
1º a 9 de julho se celebra na cidade de Roma uma festa da
organização... Faremos um relatório para estimular a
abertura de uma aproximação entre os povos. E, ao mesmo tempo,
estimular a presença deles na Itália. Além de uma
presença telemática. Esse contato é importante, porque,
além do mais, tem o racismo italiano. E, nesse momento, o capitalismo
internacional está inventando uma forma de estabelecer o que vem a ser o
homem do exterior, o imigrante.
A Europa tem interesse pela passagem de um
duto de petróleo e de minerais pela Turquia. Daí se entende o
massacre do povo turco. E fica claro o problema dos curdos. Como é
possível então entender que o capitalismo realiza o embargo a Cuba
e, ao mesmo tempo, mantém uma relação comercial com a
China? Então, a Europa pode apresentar ao mesmo tempo uma grande
organização de revolta e de força antagonista,
revolucionária, de oposição para resistir ao capitalismo
ou, novamente, apresentar a perspectiva de uma visão planetária
que re-determina as condições de um obscurantismo. Este
serpenteia, neste momento, na Europa a partir da Áustria e das
confusões da esquerda. De uma política que se pode definir como de
concessão e de aceitação, pela conquista de um poder que
é um poder ocasional e que está preparando o terreno para a
vitória da direita. A determinação de um programa de
direita por uma parte substancial da esquerda européia é a
preparação de um terreno favorável para a entrada de uma
direita objetiva. A direita pode reencontrar-se amanhã na
condição histórica de governar sem a necessidade,
inclusive, de ser popular. Porque isto já teria sido destruído
pela esquerda... Porque já se está determinando o cerceamento da
zona salarial. E se determinou a condição da
extração de lucro de uma elite, que privatizou objetivamente
inclusive a propriedade essencialmente popular. Como é possível
privatizar a energia elétrica e a comunicação
através do transporte público..., da cultura? Como se pode
privatizar os serviços essenciais da mulher que trabalha, como as
construções de escolas maternas, ou de creches para
crianças? É um processo de privatização que atende e
dá rendimento a alguns segmentos da burguesia européia. Em termos
mais imediatos na Alemanha. E, agora parcialmente na Itália.
I – Como podemos caracterizar o socialismo e o fascismo em voga na
Europa?
MC – De forma absurda, estamos, frente a um
socialismo que defende a imbecilidade... Estamos tutelando, enfim, parcialmente,
um processo de imbecilidade, de depauperação. Reforçando,
entre outras coisas, o papel perigoso da Áustria, no continente europeu.
E determinando, inclusive, a condição dramática de uma
eventual futura rebelião, espontânea e não controlada. Se a
organização revolucionária não se organiza,
há o risco de um processo espontâneo incontrolável de massas
enormes oriundas dos processos de migração mundial e de refugiados
provenientes das regiões de guerra. E isso num momento de expansão
do processo de americanização, quando a sociedade européia
está perdendo sua própria cultura, apropriada e sendo incorporada
à cultura dos MacDonald‘s e dos hambúrgueres. Os meninos
abandonados agora são provenientes de regiões de guerra, como os
curdos. Meninos de rua de diversas origens que atravessam a Europa. Neste
processo há um mecanismo prepotente de destruição da
civilidade européia. Trata-se de uma prepotência, de um
imperialismo não imediatamente de tipo europeu.
O imperialismo
europeu está na ridícula, na bufônica e irônica
situação de sentir-se muito "poderoso" com o estadozinho
da Albânia, que é de uma pobreza absoluta, com a
participação em uma guerra que exige custos muito grandes para a
Europa e enriquecimentos posteriores de reduzidos grupos que chegam à
Itália...
I – E o problema de uma aliança militar independente na
Europa, depois da guerra do Kosovo, principalmente?
MC –
Houve uma tentativa na Europa de reconstrução de um
exército propriamente europeu. Mas, não se chegou a uma
demarcação, a uma explicitação se este
exército europeu devia se construir como um exército objetivamente
autônomo ou independente. Essa é uma passagem essencial, para poder
raciocinar sobre a questão da construção de um
exército europeu. A realidade é que permanece, objetivamente, a
presença hegemônica da OTAN (Organização do Tratado
do Atlântico Norte)... Não se sente, nem se pretende discutir a
saída da OTAN da Europa. Pelo contrário. Para piorar esta
realidade, o que se vê é a expansão da OTAN para outros
pontos do exterior. Substancialmente, se já houvesse um exército
europeu, ele teria sido submetido às mesmas demarcações
históricas da ONU na guerra dos Balcãs. Teria sido submetido
à mesma condição histórica: a ONU silenciosa com
respeito à intervenção e uma Europa que, entre outras
coisas, tem uma postura que "nega" qualquer tipo de
intervenção militar de tipo ofensivo. Esta foi uma
violação sistemática da própria
constituição republicana, proveniente da guerra de
liberação antifascista. Ela se erigiu, exatamente, em virtude da
confusão geral que gira em torno desse tema. Então, a esquerda
deve descobrir a necessidade da invenção, da
construção de um exército europeu. E, também, a
definição do papel de um exército europeu. Pode se
constituir um exército europeu como parte integrante da OTAN? Este
representaria um destacamento, um núcleo forte nas questões
relativas ao Leste, com um comando geral do outro lado do oceano. E com uma
exigência da América de que hajam menos mortos em outros
países. Principalmente por problemas de ordem interna. Enfim, é
melhor que morra em conflito um italiano, um francês. Pois, a guerra dos
Balcãs, por exemplo, não acabou. Enquanto se falava da guerra nos
Balcãs e da paz nos Balcãs, se continuava com o silêncio
enorme na imprensa escrita e televisionada a respeito dos bombardeios que
prosseguiam cotidianamente no Iraque. É como se isso não
existisse! Além do genocídio e holocausto que representa o embargo
a Cuba, de tipo nazista... Sobre essas condições, o que nós
vemos? O silêncio! O mesmo silêncio que é feito sobre as
condições da guerra que geraram a questão da Chechenia: o
petróleo, os minerais e matérias-primas, que determinaram todo
esse processo. Que, por sua vez, ajuda a entender da mesma forma a nova
intervenção da Rússia nos Balcãs. Ela, que tinha
obrigação não só histórica, cultural, etc.,
de intervir na situação dos Balcãs, no sentido da defesa do
povo sérvio. Porque estava pronto um pólo de
repartição a partir da intervenção na Chechenia.
Mas, o drama histórico é também da Europa. Esta até
mesmo reagiu num movimento pacifista de oposição à guerra
nos Balcãs. Mas, depois, permaneceu silenciosa, distante. Como se
cansada... Há também um silêncio geral quanto à crise
na África... A Europa não diz que o enriquecimento de sua
indústria se deve ao endividamento dos ditos países de terceiro
mundo.
I – Como você vê o renascimento, a
refundação do internacionalismo operário, principalmente
considerando a invasão que tem ocorrido na Europa de trabalhadores
provenientes de diversas áreas a procura de emprego, de
condições de vida? E como você vê a
formação do PCML aqui no Brasil?
MC – Penso
que a minha presença aqui no INVERTA significa que o PCML não se
refundou, mas se objetivou. O PCML é a explicação da nossa
participação, o que nos levou a trazer uma saudação.
E, principalmente, sentir nessa terra um percurso muito similar ao nosso.
Enquanto necessidade, e como exigência e especificidade da diversidade
possível, e da autonomia. Porque as relações entre
comunistas são baseadas na capacidade de aceitar as especificidades e a
autonomia. Para, depois, reencontrar os pontos de articulação
entre essas diferenças, entre as especificidades de cada trabalho.
Dependendo das raças e das culturas. Enfim, um ponto de união
entre nós. O PCML nos deu a impressão - e agora a
convicção - de que, depois da queda da URSS, está
renascendo, objetivamente, a possibilidade de repartir, de dividir também
na América Latina. Sobretudo aqui. Há, então, um mecanismo
fundamental que é histórico e indiscutível. Num
período de conjuntura de crise, o processo de recomposição
da classe burguesa é mais rápido. Porque há um motivo para
ser mais rápido: o lucro. A rapidez com que ela se recompõe por
meio dele é muito maior, e mais veloz. Baseada no interesse da venda,
encontra uma representação imediata. E se não encontra
imediatamente uma representação imediata de tipo
partidário, tem uma representação ao nível dos
magistrados, da legislação e a posse dos meios de
comunicação de massa. A recom-posição do movimento
proletário revolucionário - que não é condicionado
pelo interesse imediato, particular, egoístico e personalístico -
é muito mais complexo. Exige um pensamento mais profundo, e longo. Deve
fundamentar-se em bases claras, reconstruindo o programa. E não basta.
Deve reconstruir a organização e iniciar um conflito: um embate
para superar o processo de contradição...
Enfim, é um
processo muito mais complexo, que exige tempos longos, de grande
preparação para a própria reconstrução. Exige
também um processo de um novo internacionalismo também complexo.
Porque, de um lado, pode-se assistir ao nascimento de um partido. Com um
movimento marxista-leninista, adiantado. Mas, também, movimentos de tipo
infantis. No esquema de palavrório. Ou, como dizia Lenin, de tipo
unicamente extremista. Ou de tipo ludista - quebradores de máquina...
Claro que de forma mais sofisticada, em diversas partes do mundo há o
nascimento de movimentos ludistas, infantis, sectários. É muito
importante a reflexão e a leitura recíproca do programa, do
projeto que foi escolhido para a compreensão da realidade
específica. A isso pode estar determinado - e deve estar necessariamente
determinado - o renascimento de uma nova internacional. Se pode redefinir uma
nova internacional dos povos em luta. E se pode redefinir uma nova
internacional, não obrigatoriamente como um simples encontro entre
partidos similares. Mas, uma nova internacional que reconstrua algumas
convenções programáticas. Que saiba individualizar, avaliar
e valorizar alguns pontos fundamentais de luta unitária. Para criar a
condição de que o imperialismo enfrente o comunismo e seus
combatentes em mais trincheiras. Então, é dramático
trabalhar com a hipótese de que uma parte do movimento
revolucionário está restrito à luta pela própria
individualidade nacional. Uma parte joga a luta para o estado das
condições sociais, e outra parte lança a luta contra a
guerra. Trata-se então de ter esta complexidade no programa, com as
especificidades. Mas, que hajam 4 ou 5 pontos fundamentais, para condicionar o
capitalismo a um choque em torno deles. Um ponto fundamental é o
trabalho. Este é, de fato, o primeiro ponto fundamental do
marxismo-leninismo. Mas, o outro ponto fundamental é o direito à
justiça internacional contra a guerra. Porque a guerra se prepara em
tempo de paz... Outro ponto fundamental é relançar a
condição de um sindicalismo com características
internacionais para a exportação do direito. E, por último,
o problema da deformação das comunicações... O novo
internacionalismo nasce sob a hipótese de um internacionalismo
programático. Além disso, é essencial determinar que a
condição do novo internacionalismo não restrinja,
não obstaculize o movimento comunista internacional, a um debate
teórico interno. Porque, nesse momento, o capital tem uma necessidade
essencial de um debate teórico interno. Então, não é
o momento de um debate sobre a razão histórica, como no caso da
guerra da Espanha na época de Franco. De um choque, de um debate e um
confronto entre o pensamento trotskista em relação ao pensamento
stalinista. Como aconteceu no caso da guerra civil na Espanha. Agora é o
momento da reavaliação do marxismo-leninismo como uma
bússola, um balizamento, orientação, e ponto de partida
fundamental e insubstituível... Deve-se defender a conquista de anos e
anos de lutas do movimento operário. Mas, deve-se defender e conquistar o
terreno novo, para determinar as condições nas quais se pode
redefinir a inserção, na sociedade burguesa, dos elementos
particulares do socialismo, como condição essencial do
avanço global da orientação marxista-leninista...
I – Gostaríamos de saber como surgiu a DPSU, na
Itália?
MC – Como especificou o congresso do PCML
estamos diante não unicamente de um processo de crise somente do
capitalismo. O processo de crise é também estrutural e global.
Mas, o processo de reestruturação é útil ao
capitalismo. O problema histórico dramático é
reflexão também do PCML: a crise de direcionamento do movimento
operário. Esta reflexão, a ser determinada mesma na crise de
hegemonia do capital mundial, gera também um processo de
obstaculização e fragmentação da classe
operária. Um papel modificado da organização sindical, uma
perda e um desvio da função histórica sindical. Uma perda
também em conseqüência da queda do Muro de Berlim e da URSS,
da organização que se estruturava em torno deste processo do
movimento operário. Esta transformação atingiu este
processo. As organizações parcialmente representativas do
movimento operário escolheram um compromisso além de Keynes...,
negando, inclusive, o próprio Keynes. Escolheram um compromisso com um
processo de reestruturação do capital mundial, que compreende um
novo papel do capital financeiro, um novo papel da guerra, da
devastação ambiental, as imposições do FMI e um
elenco enorme das migrações internacionais. Donde, uma parte dos
operários torna-se aliada orgânica da reestruturação
do capital. Outra parte tem um sentimento de resistência que, partindo da
refundação comunista na Itália, diz: "não
à perda da postulação marxista-leninista". Mas, na
realidade, faz esta afirmativa do ponto de vista da teoria. E, na
condição social, confunde tática com estratégia. E
realiza, então, uma espécie de co-sociativismo. Diferente do
co-sociativismo do movimento que se vendeu, que cedeu. Mas, que é
também um co-sociativismo. Em suma, o sistema neoliberal não
exclui o conflito. Pelo contrário, sobrevive dele... Na Itália,
sobre a relação teoria e prática surgiu a exigência
do nascimento da Democracia Popular da Esquerda Unida. Nasceu a exigência
de estabelecer novamente o programa e o projeto da organização
revolucionária. Um programa e um projeto que não declama a
transformação do estado atual de coisas presentes. Mas, pretende a
compreensão do estado atual das coisas presentes para mudar o estado
atual destas coisas presentes. Se coloca então, também, a
questão da organização revolucionária do Partido, a
reflexão sobre como deve ser o Partido revolucionário. O Partido
Comunista Italiano e o Partido da Refundação têm uma
organização com um falso centralismo-democrático, e de
democracia interna num mecanismo de disciplina revolucionária. Porque,
trata-se de ser a vitória da liderança, da
cooptação, da auto-referencialidade, do nepotismo. Enfim, a
corrente do fracionamento, e a conquista e manutenção do
privilégio, com um cretinismo e um grau de deficiência no modo de
ser parlamentar. E até mesmo do modo de não ser parlamentar.
É um distanciamento das massas e, ao mesmo tempo, uma certa
representação das massas. E não um processo de
emancipação da massa operária. Daí a necessidade da
Democracia Popular para a construção fundamental do intelectual
coletivo. Para a reconstrução da doutrina da vanguarda para o
processo de avanço, e a capacidade do intelectual coletivo de ser
efetivamente intelectual orgânico da classe. Para criar a
condição de que a classe tome consciência de ser classe. A
classe que não tem consciência não é classe, é
massa. A luta da massa é luta espontânea, é
improvisação. E é perda do motivo fundamental. É
corporativismo. O intelectual coletivo, a doutrina, o programa e o projeto negam
o espontaneísmo. Estes excluem o espontaneísmo e a
improvisação, e determinam o processo da luta ainda que
mínima. Mas com uma ligação com o objetivo final, que
é o Socialismo.
(Publicado no Jornal INVERTA número 254 (de 28/06 a 04/07/00)
Tradução do italiano: André Laino
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