ENTREVISTA EXCLUSIVA
(Publicada no Jornal INVERTA 244 - BRASIL)

HERNÁN RAMIREZ
da Comissão Internacional das FARC-EP

 

Hernán Ramírez, representante das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC-EP), recentemente no país, onde participou do Congresso de Refundação do PCML, no Rio de Janeiro, e posteriormente participou do encontro com o arquiteto Oscar Niemeyer, entre outras atividades. O revolucionário concede uma longa entrevista ao INVERTA, onde relata fatos de suma importância para o esclarecimento ao povo brasileiro, sobre a luta revolucionária do povo colombiano e sua vanguarda.

 

I - Como surgem as FARC-EP na Colômbia?

HR - Na década de 40, na Colômbia, foi iniciada uma guerra civil entre os liberais e os conservadores. Os conservadores fraudulentamente chegam ao poder através de uma eleição por eles manipulada e também pela violência, e elegeram, em 1946, o presidente Mariano Ospina Pérez, representando os setores latifundiários mais reacionários do país. Este governo organizou uma polícia criminal, que se dedicou a perseguir os liberais e os comunistas, e a fazer chacinas, massacres de todas essas pessoas indiscri-minadamente: homens, mulheres, crianças e idosos. O Partido Comunista, em 1947, lançou ao povo colombiano a consigna de organizar-se para defender a própria vida e as pequenas propriedades rurais, que estavam sendo expropriadas pela polícia e pelos "pássaros", como se chamavam, naquela época, os paramilitares. E nessas condições foram surgindo guerrilhas a partir de 1948 em diante. Em 9 de abril de 1948, foi assassinado Jorge Eliecer Caitán - um homem muito importante na Colômbia, que estava denunciando os massacres e a violência, um assassinato onde está comprometida a CIA. A partir desse momento acontecem insurreições em muitos lugares da Colômbia e cresce o movimento guerrilheiro. Em 1950, já existem mais ou menos 40 mil homens em armas. E neste momento se produz um golpe militar de Gustavo Rojas Pinilla, que chega ao poder dizendo que iria pacificar o país e que daria anistia a todos os guerrilheiros, isso foi em 1953. A maioria do movimento guerrilheiro liberal se entregou e entregaram as armas, os destacamentos guerrilheiros liderados pelo Partido Comunista não se entregaram e nem se desmobilizaram. Discretamente modificaram a posição das tropas, porque sabiam que essa era uma armadilha do Estado para desarmar o povo e impedir a tomada de poder, e nessas condições um dos destacamentos comunistas em armas se reúne na Região de Marquetália e dali, esses companheiros sobem a montanha, abrem chácaras, fazem casas, e cultivam muito alimento nesta região, como café, banana, etc e se cria uma economia muito grande nessa região e o governo vê nesse núcleo de camponeses um perigo para seus interesses e desata a violência contra essa região e muitas outras. Em 1964, Manuel Marulanda Vélez, que havia sido em seu início de militância, guerrilheiro liberal, já fazia parte do Partido Comunista, nessas condições ele reorganizou a guerrilha comunista que havia atuado sob suas ordens e o Partido Comunista enviou a essa região dois camaradas, um representando o Comitê Central, que se chamava, Jacó Jorenas e outro representando a Juventude Comunista; esses camaradas se uniram a Marulanda e resistiram por mais de seis meses em Marquetália, na guerra de 16 mil homens contra eles. A partir dessa experiência começa a se criar frentes guerrilheiras em todo o país, e que vão se estendendo por toda geografia colombiana, mas ainda não se chamavam FARC-EP. Após uma reunião de todos os agrupamentos guerrilheiros surgidos da guerra de Marquetália, resolveu-se chamar a esse movimento guerrilheiro, de Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Nós sempre sustentamos desde o início, que somos um movimento guerrilheiro, mas antes de tudo, somos marxista-leninistas, e que estamos lutando é pela tomada do poder e pelo Socialismo na Colômbia.

I - Como se desenvolveu a luta das FARC na sociedade colombiana? Como foram os primeiros anos de luta, até o processo atual?

HR - Houve um momento em que se chegou a acordos com o governo de Belisário Betancourt, chamado de Acordo de La Uribe. O governo se comprometeu a criar condições para que o movimento guerrilheiro se convertesse em partido político e progressivamente assumisse o papel de uma força política, que disputasse o poder pelas eleições. A partir de 64, se colocam em vigência esses acordos, com a União Patriótica. Cada frente guerrilheira destacou quadros para campanha eleitoral, sem abandonar as armas. O resultado dessa primeira campanha eleitoral assustou a burguesia colombiana, pois viram que pela vontade popular éramos capazes de tomar o poder, então, romperam-se os acordos, violou-se a trégua, e começou o aniquilamento dos quadros políticos, na cidade e no campo, para impedir o desenvolvimento de uma via democrática de mudanças das estruturas do país. Foi desatada uma guerra contra o movimento popular, sindical, camponês, estudantil - assassinaram não menos de 5 mil quadros comunistas. Essa guerra fez com que o movimento guerrilheiro nosso crescesse muito. Havia uns sete grupos guerrilheiros, de distintas denominações. Chega o momento em que nós, em algumas partes, passamos a não atuar mais como guerra de guerrilhas inicial, mas como guerra de movimentos, operações grandes, onde destacamos um contigente numeroso de guerrilhas e emboscamos unidades muito grandes do Exército e da polícia; mas em outros lugares, continuamos a desenvolver a guerra de guerrilhas móveis, como se fez no começo.

I - Como se organizam as FARC para atingir todo o território colombiano?

HR - Tivemos que dividir o país em sete blocos, com sete direções guerrilheiras, todas sob a direção de nosso Estado Maior Central e todas sob a direção das conferências que fazemos periodicamente, agora vamos para 9ª conferência. Essas são algumas características de nossa questão histórica.

E a razão pela qual o governo atual cedeu e sentou numa mesa de conversações para buscar uma saída política ao conflito; É uma situação extremamente grave pois estamos enfrentando uma contra-revolução dirigida e organizada pelos EUA.

I - Como estão as conversações com o Governo Pastrana, com a existência do "Plano Colômbia"?

HR - Essa pergunta é muito importante porque existe um fenômeno pouco conhecido em outros países. Na Colômbia, existem dois poderes. O poder real e o poder formal. O poder formal é o que está representado pelo presidente da República e o poder real é garantido pelas forças militares, paramilitares, grupos econômicos, latifundiários e setores mais reacionários. Na mesa de conversações o presidente fala uma linguagem que, aparentemente, busca uma saída política ao conflito, mas por outro lado, se desenvolvem atividades dos grupos paramilitares, orientados, organizados e dirigidos pelo Exército e a polícia, que se apóiam no narcotráfico, para conseguir armas e para manter esses grupos, apoiados também pelos EUA, especialmente pela CIA. Nesse momento está sendo discutido no parlamento estadunidense o "Plano Colômbia", apresentado pelo presidente Pastrana para nós, como uma "boa vontade para buscar a paz", mas que na verdade foi elaborado com a colaboração dos setores mais reacionários dos EUA. É um plano de guerra - em sua primeira fase está previsto que os EUA vão entregar cerca de US$ 1,7 bilhões, em aviões, helicópteros, armamentos de todo tipo, treinamento e deslocamentos de unidades militares. Estamos conscientes de que a situação é muito complexa, que ás vezes se fala uma linguagem pelo presidente, mas a realidade é outra. Numa parte está a ofensiva dirigida pelos EUA, com os paramilitares, Exército, policiais e na outra, estamos nós, com o restante da população que está sendo assassinada, massacrada.

I - Como se deu a política do Estado para as atividades dos paramilitares?

HR - O governo, através de um decreto, deu representação jurídica aos grupos paramilitares. Através dos paramilitares se desenvolve a guerra para assassinar a população que quer mudanças profundas na Colômbia e que apóia as mudanças postuladas pela guerrilha. Eles se encarregam de assassinar a população civil nas áreas de influência da guerrilha e onde não há muita influência da guerrilha, mas as pessoas estão protestando. O Governo colombiano e o regime, em geral, impedem o desenvolvimento das lutas populares. Em dezembro de 98, a greve dos servidores públicos custou ao movimento operário a morte do vice-presidente da Central única dos Trabalhadores e de 5 dirigentes nacionais. Dá para imaginar porque na Colômbia não existe democracia e porque não se pode realizar atividades políticas, como em qualquer outro país, sem mortes.

Nesse momento estamos cumprindo uma agenda de conversações com o Governo, mas também estamos nos preparando para uma confrontação armada, pois este "Plano" já está sendo desenvolvido para eliminar o movimento guerrilheiro em sua totalidade. Eles continuam com a "tarefa" de eliminar fisicamente o Partido Comunista e as demais forças políticas de esquerda na Colômbia.

I - Como se dá a interação do povo com a guerrilha? Como se dão os contigentes?

HR - Sempre pensamos na necessidade de, em primeiro lugar, defender os interesses dos camponeses. A relação e os alinhamentos que temos trabalhado para a população, partem do pressuposto de mudanças radicais dos costumes políticos dessa mesma gente, por exemplo, nas zonas onde estamos, baixa drasticamente o índice de delitos, como violações e estupros, roubo, assassinatos; surgem fontes de empregos distintas do narcotráfico, que focalizado em algumas regiões do país, enquanto nós estamos em todas as regiões, como nas regiões cafeeiras; de agropecuária, e no litoral. Temos pensado sempre no avanço da organização da população, e, como o governo está liquidando as organizações sociais e sindicais, vamos avançando e reconstruindo o tecido social; então voltam a aparecer as associações de trabalhadores, as cooperativas, os sindicatos, as organizações de jovens, de mulheres. Isso porque volta a existir a possibilidade de uma democracia que parte dos fundamentos do povo, e não da imposição política dos partidos tradicionais, que mantém o sistema corrompido de governo, através de um processo eleitoral também corrompido. E a partir dessa força que temos dentro dessas populações - elas mesmas, inclusive sem nossa interferência, fazem seus próprios órgãos do governo. A primeira coisa que fazemos onde chegamos é fazer com que saiam os representantes do governo central. Dizemos aos inspetores de polícia: agora não existe necessidade de delegacias, pois os problemas serão resolvidos pelas assembléias feitas pelo próprio povo, que estuda seus próprios fenômenos, e dá o seu veredicto. O povo se converte em sua própria autoridade. Nos municípios onde se dão as conversações, há uma polícia cívica - pois tem que se manter a ordem -, mas essa polícia não se parece com a tradicional: em primeiro lugar, porque não utiliza armas pesadas, não é para a guerra, mas para a prevenção e para resolver pequenos conflitos; isso vai substituindo o Estado burguês, que emprega sempre a violência para resolver tudo; tem a polícia cívica, que não é nomeada pelo governo central - a polícia na Colômbia é centralizada, os governadores e os prefeitos não têm comando nenhum sobre a polícia, mas somente o governo federal - nós dissemos que tem que ser o próprio prefeito, que deve eleger essa polícia cívica, formada por pessoas conhecidas na região; nós fazemos a segurança geral da área, para que não entrem os paramilitares, o Exército e a polícia, e que possa haver paz.

I - Como o povo vai se integrando às armas para manter as áreas conquistadas?

HR - Nós sabemos que esse poder popular novo tem que ter uma defesa, e essa defesa tem que estar nos ombros desse mesmo povo, e por isso acreditamos que tem que ser uma força territorial que permita a segurança das regiões. Essa força se chama milícia bolivariana, e são de dois tipos: as milícias populares, onde participa todo o povo e tem tarefas específicas; e outra formada por pessoas de 15 a 30 anos, com maior possibilidade física de combate. Eles têm o mesmo treinamento e armamento que os guerrilheiros. As milícias bolivarianas também entram em combate junto com o movimento guerrilheiro para manter a consolidação do poder e a defesa das áreas onde estamos.

I - Há eleições nessas áreas que são reconhecidas pelo Governo Pastrana. Como se dá esse processo?

HR - Fazemos uma eleição popular de todos os setores da população, onde se escolhem os candidatos a vereadores e prefeitos, e estes são os que passam a exercer essas funções, para que os municípios continuem trabalhando. Temos nos saído muito bem, pois comprovamos que o povo tem elementos de democracia preciosos para o desenvolvimento de um novo poder e quando ele compreende isso e coloca em prática, passa a abominar a estrutura de poder anterior porque tem consciência de que foi enganado e manejado através do regime capitalista. Estes vereadores e prefeitos, apesar da forma como são eleitos não ser a tradicional, o governo colombiano se vê obrigado a reconhecer, juridicamente, essa nova forma de poder, mesmo sabendo que eles não pertencem à estrutura do Estado burguês.

I - Qual a região hoje em poder das FARC?

HR - Existe uma área, de 42 mil km quadrados, 5 municípios, que estão sem força pública oficial por decreto do governo nacional, para que ali houvesse a mesa de conversação; essa parte está nas mãos dos governos populares e a nossa presença é total. O país tem mais de 1.160 municípios, desses, 300 já não tem força pública. Fomos nos estendendo a todo o país, em cada Estado e município existe a presença das FARC, em algumas partes é total, e nas outras, em toda periferia rural, com exceção do setor urbano, onde está a polícia e o Exército, então não podemos dizer que estamos ali. Falamos que dominamos um território, se o município tem mil quilômetros quadrados e nós dominamos esses mil km, com exceção de 5 ou 6 km, que estão em poder do Exército, mas que temos um domínio territorial muito grande frente às forças da "ordem"; as forças do governo podem ser muito numerosas, mas tem que estar muito concentrada em seus quartéis, nas grandes cidades, cuidando dos bancos, e dos ricos, enquanto nós nos espalhamos por todo o território nacional e estamos com a população. Esse domínio territorial se exerce através da presença nossa, das milícias bolivarianas, da presença dos governos populares que temos, e das massas operárias e camponesas, estudantis. Do ponto de vista estritamente militar, dominamos uma grande extensão de terra. Em alguns lugares, como guerrilhas móveis, e noutros, também como guerra de movimento. Do ponto de vista político temos esse trabalho de massas por uma democracia popular. Pois o movimento guerrilheiro na Colômbia vai tomando terreno à medida que a população dá apoio a presença da guerrilha e à medida que ela assume, como seus próprios interesses, os da população. Essa é uma das razões pelas quais não pôde ser aniquilado o movimento guerrilheiro.

I - Com o avanço das FARC ao longo dos tempos, que fenômenos se dão no campo da cultura, que deve assimilar esse lado das vitórias e das conquistas?

HR - Existe o Teatro da Candelária, famoso em todo mundo, que no período mais duro de confrontação - quando todos os dias matavam dirigentes comunistas - produziam peças de teatro, denunciando ao mundo essa guerra; esse teatro é organizado pelo Partido Comunista, e continua sendo integrado por comunistas. Além disso existem muitos outros teatros em todo o país. Para falar somente das FARC, temos desenvolvido há muitos anos a culturas nas áreas onde estamos, e temos grupos de músicos de música popular colombiana, compostos por músicos nossos, especialmente na Costa Atlântica, muito parecida com o Rio de Janeiro; dentro dos acampamentos eles têm criado condições para a produção de música revolucionária e popular. Também dentro dos acampamentos a vida cultural é muito rica, fomentamos a arte, a poesia. Em nossas fileiras têm intelectuais, que têm dado um suporte cultural, tornando a vida guerrilheira mais agradável do ponto de vista da estética do ser humano. Tem uma prática que nós utilizamos quando chegamos numa área, à tarde ou à noite, nossos guerrilheiros artistas improvisam, fazendo um esquete teatral onde denunciam a situação ao povo, que nos tem sempre recebido com máxima consideração.

I - Como as FARC vêem o relacionamento com o Brasil?

HR - Desde que começamos o trabalho diplomático internacional, sempre tivemos a prioridade de nos aproximar com o Brasil. Há uma urgente necessidade de integração latino-americana. Temos encontrado uma semelhança muito grande entre o nosso povo e o povo brasileiro, sobretudo nos problemas comuns, por exemplo, há muita pobreza, muito desemprego, aqui também existem os esquadrões da morte contra as favelas. E o mais grave neste momento é que o Brasil começa a se parecer muito com a Colômbia; é muito grave que o narcotráfico esteja permeando a questão financeira do país, que a droga esteja chegando na população brasileira, que estejam utilizando o Brasil como ponto de partida da droga para outros países; e que isso traz a violência, a morte e a degeneração social.

Nós nos alegramos de conhecer esse imenso país. O Brasil joga papel determinante no destino dos países latino-americanos, pois está rodeado por uma grande quantidade de países pequenos; é o mais industrializado e desenvolvido desta parte da América. Suas contradições com o imperialismo norte-americano são as mesmas do povo colombiano; pois querem nos impor seus planos de domínio total. Temos que unir esforços, especialmente no momento em que os EUA querem desenvolver uma estratégica que lhes permita o domínio desta parte da América, porque para eles, dominar o Brasil é dominar a Amazônia, que é a maior biodiversidade do mundo. Nós sabemos que os EUA não querem o Mercosul, mas vemos como a Venezuela, com sua viragem política, está se aproximando do Brasil, e a nós isso parece maravilhoso, temos a maior mina de carvão do mundo, um carvão da mais alta qualidade, que os imperialistas estão roubando; o quanto poderíamos beneficiar com um intercâmbio comercial com o Brasil, com Petróleo, e com todas as riquezas que temos. Nos parece muito importante que o Brasil não tenha demonstrado interesse de participar dessa força multilateral para agredir o povo colombiano, como querem os EUA.

Nós achamos que vale a pena fazer o resgate histórico dos movimentos populares e sociais do Brasil contra a injustiça social, isso nos ajudaria muito que é muito rica, como por exemplo, a história do rompimento dentro das fileiras do Exército, que fez Luiz Carlos Prestes para formar a Coluna invicta, que caminhou por todo o país por mais de 25 mil quilômetros, e que desenvolveu tantas batalhas no campo militar e que mostrou a necessidade de uma mudança profunda no desenvolvimento do Brasil para o bem estar social. Isso permeou muito aos revolucionários latino-americanos, mas especialmente a nós, na Colômbia, que o estudamos muito, porque dentro das figuras mais importantes latino-americanas, está o camarada LCP, seus ensinamentos e suas experiências; e o Partido Comunista Marxista-Leninista, que precisamente trata de resgatar essa história, e colocar em vigência seus princípios, que deram tanto vigor ao movimento revolucionário latino-americano; a Coluna, em 24; o Levante de 35; o desenvolvimento da luta armada em distintas épocas, como a que se deu em Canudos. Sabemos que o Brasil vai caminhar seguramente para um maior bem estar da população e para nós é muito importante que o Brasil também possa chegar a um estado de democracia e de paz com justiça social.

I - Como você vê a contribuição do PCML para a luta do povo brasileiro contra as injustiças sociais, rumo ao socialismo?

HR - Nós fomos convidados a participar do Congresso de Refundação do PCML. E desde o momento em que recebemos esse convite, nos apropriamos dos materiais que estavam sendo estudados pelo partido, como por exemplo, as teses, a crise mundial, e outros materiais muito importantes, mas especial cuidado tivemos em estudar profundamente as linhas políticas das teses. Eu estou surpreso porque fazem uma análise histórica do Brasil, feita descarnadamente uma análise crítica dos grandes equívocos quanto à estratégia do Partido Comunista, seus desvios de direita e de esquerda, e se retoma os princípios marxistas-leninistas, e se demonstra que estão firmes, incólumes, para retomar o caminho da construção de uma vanguarda revolucionária. Esses fundamentos teóricos que se discutiram de forma muito ampla, que se discutiram no congresso, nós consideramos uma ferramenta valiosa para o desenvolvimento das tarefas futuras que tem o Partido, especialmente na inserção desse partido nas massas, e no posto de vanguarda que seguramente vai ocupar o partido nas distintas lutas dos setores sociais que querem mudanças profundas no Brasil. Saímos muito contemplados desse congresso, e sobretudo, da seriedade e da profundidade das análises teóricas feitas, e da franqueza para a crítica e autocrítica e, sobretudo, do fervor revolucionário de velhos quadros e da juventude também, que mostra sua coragem, e que seguramente, vai ocupar um posto de vanguarda no futuro próximo nesse país. Depois dessa experiência, também saímos muito fortificados pois vimos que não estamos sozinhos, e que muitas forças revolucionárias, e especialmente o PCML, cuja a solidariedade internacionalista ficou plasmada no congresso com as moções de solidariedade à Colômbia. Vemos que nos estamos unindo ao nível latino-americano, isso é um bom começo para que estreitemos os laços revolucionários, de mãos dadas para o difícil caminho da revolução, para buscar um destino melhor para nossos povos.

 

Bianka de Jesus, Fernando Silva e MS